sábado, 21 de agosto de 2010

Estamos aqui, agora, vivendo os imediatismos da vida. Muitos de nós acordamos, temos um dia de muito trabalho, depois corremos para a faculdade ou para a família que nos aguarda em casa, e no fim do dia caímos cansados sobre a cama e dormimos, quase sempre sem refletir sobre o dia que passou. Mas hoje, em especial, estou inquieta. Triste. Porque eu relembrei como a vida é imprevisível. Como a vida pode tomar um rumo definitivo para o outro plano. Sem avisar. Sem dar pistas do que está prestes a acontecer. E eu pensei como seria se fosse minha vez de ter a vida interrompida. Daria tempo de dizer: "Ei! o que é isso? a Meiling não está aqui! saiu com o pai e só chega mais tarde. Não dá para adiar por algumas horas essa viagem? Pelo menos para vê-la uma última vez?" ou eu pensaria: " mas e meus projetos que não realizei, meus sonhos, meus planos a curto prazo! Nem esses não posso cumprir? Não posso deixar as coisas assim, sem me despedir, sem dizer as coisas que eu queria ter dito, sem ver os amigos que queria ver, sem ir nos lugares que sempre sonhei, sem viver o amor que um dia acreditei que existiria... Como entender e aceitar que não há mais tempo, e por mais que eu me sinta jovem, cheia de vida... tenho que partir. É assim que aconteceu com você, meu amigo. A morte chegou sem dar sinal de alerta. Sem dar aviso e inesperadamente pegou todos nós de surpresa. E por mais que eu saiba o quanto todos que te amam estão sofrendo, eu estou agora refletindo em como você está se sentindo. Em como você está encarando essa nova realidade. O quanto nos tornamos impotente, nós que ditamos a nossa vida, que fazemos escolhas, que ainda decidimos pelos nossos filhos, como é não ter escolha? Não ter força, argumentos, meios de convencer a morte a nos dar mais um prazo, a nos poupar, pelo menos enquanto sentimos sede de viver.  Imagino o quanto deve ser difícil pra você deixar sua família, seus amigos. Mas mesmo que eu não tenha palavras pra te consolar, peço-lhe que se volte a Deus. Que lembre-se que ele conhece todas as suas necessidades e te acolherá, te acalentará, te acalmará o espírito melhor que qualquer um de nós, que muito te amamos. Deus te responderá todas as perguntas e te esclarecerá todo o propósito de sua nova condição. E o conhecimento da verdade nos conforta e o entendimento da vida nos faz ter o equilíbrio necessário para continuar.

Mesmo revivendo essa realidade sobre os limites entre a vida e a morte e refletindo sobre nossas atitudes perante o que desenhamos para nossa vida. Não sei como agir pensando no roteiro que estou dando a minha vida.  Não sei como perseguir meus sonhos numa velocidade maior do que a atual. Não sei como encaixar no meu tempo todos os amigos que eu gostaria de abraçar. E não sei como criar coragem para dizer tudo de bom que eu gostaria de dizer para as pessoas que amo. Sabendo eu que, eu ou vocês poderíamos ter a vida interrompida amanhã, não sei  como fazer para viver a vida da melhor forma possível e dar a ela e a vocês o valor que merecem.

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