quinta-feira, 6 de maio de 2010

Zeca Baleiro - Nalgum lugar

Um comentário:

  1. Nalgum lugar em que eu nunca estive
    Alegremente além
    De qualquer experiência
    Teus olhos tem o seu silêncio
    No teu gesto mais frágil
    Há coisas que me encerram
    Ou que eu não ouso tocar
    Porque estão demasiado perto
    Teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
    Embora eu tenha me fechado como dedos
    Nalgum lugar

    Me abres sempre pétala por pétala
    como a primavera abre
    Tocando sutilmente, misteriosamente
    A sua primeira rosa
    Sua primeira rosa

    Ou se quiseres me ver fechado
    Eu e minha vida
    Nos fecharemos belamente, de repente
    Assim como o coração desta flor imagina
    A neve cuidadosamente descendo em toda a parte
    Nada que eu possa perceber neste universo
    Iguala o poder de tua intensa fragilidade
    Cuja textura
    Compele-me com a cor de seus continentes
    Restituindo a morte e o sempre
    Cada vez que respirar

    Não sei dizer o que há em ti que fecha e abre
    Só uma parte de mim compreende
    Que a voz dos teus olhos
    É mais profunda que todas as rosas
    Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas (2x)

    Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas.

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